Atualmente, mais de 90% das aulas e cursos de inglês foca boa parte do conteúdo em explicações e porquês. Curiosamente ninguém aprendeu o português através de explicações e porquês. Sua mãe jamais lhe disse “Olha Joãozinho, não é “tu falei”, mas sim “tu falaste”, pois essa é a forma correta do verbo falar no pretérito perfeito”, ou “Joãozinho, o plural de beija-flor não é beijas-flores, mas sim beija-flores, porque beija é um verbo e não deve ser pluralizado em substantivos compostos”. Da mesma maneira, pessoas que aprendem diversos idiomas desde criança (como acontece em diversos países da Europa) também não aprendem através de explicações e porquês. Como então que os nossos cursos de inglês descarregam toneladas de regras, explicações e porquês sobre nossas cabeças imaginando que dessa maneira aprenderemos? Bom, para falar a verdade nem eu sei muito bem o que levou o ensino do inglês a ficar dessa maneira… O que eu sei, no entanto, é que explicações e porquês não ajudam praticamente em nada e é sobre isso que falaremos hoje.

Explicações, o mal dos professores

Explicações são “culpa” de professores. O professor de inglês pensa: hoje vou ensinar as condicionais aos meus alunos! Começa a aula e o professor explica como elas funcionam, incluindo todas as regras e porquês sobre quando usá-las, quando não usá-las, o que elas expressam, significam, quantas existem, quais são as exceções, etc. No final das contas, o simples uso de algumas palavras em inglês, que têm um sentido simples e fácil de entender, vira um monstro, um dragão de sete cabeças, uma enorme teoria, cheia de regras e exceções. Resultado final: o que era para ser fácil se torna super complicado e os alunos não entendem praticamente nada.

Enfim, explicações são um mal desnecessário. São raros os casos em que elas são úteis e mesmo nesses casos ainda assim é preciso achar um jeito de simplifica-las ao máximo. Deve-se pensar que, excluindo os professores, ninguém é obrigado a conhecer conceitos e nomenclaturas gramaticais, assim, de nada adiante explicar coisas como “pronomes tônicos exercem a função de objeto indireto da oração”, pois 99% dos alunos simplesmente não têm a menor ideia do que são pronomes tônicos, objeto direito, oração, etc. O ideal é usar explicações somente quando extremamente necessárias e da forma mais simples e próxima da realidade dos alunos.

Por exemplo: para explicar por que falamos I speak (Eu falo) e He speaks (Ele fala), poderíamos dizer que “Na terceira pessoa do singular do presente simples, os verbos são formatos por infinitivo + S” (explicação complicada e desnecessária) ou “Quando falamos I o verbo não tem S no final, quando falamos He o verbo tem S no final” (explicação simples e fácil, próxima da realidade do aluno).

Porquês, o mal dos alunos

Da mesma maneira que os professores enchem a cabeça dos alunos com explicações completamente desnecessárias, os alunos, por outro lado, enchem a cabeça dos professores com milhões de “por que isso”, “por que aquilo”, etc. Veja bem: você não precisa em hipótese alguma saber por que falamos He speaks (Ele fala) e não He speak ou por que falamos I am 13 years old (Eu tenho 13 anos de idade) e não I have 13 years old. De fato, a única resposta para essas perguntas é “Porque os falantes nativos de inglês falam assim”. “Porque está na gramática ou no dicionário” é uma resposta errada, pois tanto a gramática quanto os dicionários apenas descrevem a língua, a língua sempre existiu, muito antes da criação de qualquer gramática ou dicionário. Essa mania de perguntar o porquê das coisas é um hábito do ser humano, que sempre quer saber como e por que as coisas funcionam como funcionam. Não é um hábito ruim, de maneira alguma, porém, infelizmente, é um hábito que não ajuda quase que em nada o estudo de idiomas. Saber o porquê será apenas mais uma complicação nos estudos, que não ajudará nem a entender nem a falar melhor.

O que você deve tirar desta lição

Não se apavore! Esta lição não quer dizer que você jamais deve pergunta o porquê de algo e fugir loucamente de qualquer tipo de explicação. A ideia é que você entenda que esses dois hábitos não ajudam quase que em nada os seus estudos e, na medida do possível, você deve evitá-los. Se você faz aulas de inglês, por exemplo, e seu professor passa horas explicando tudo e usando mil regras e exceções, quem sabe não é hora de procurar um professor que fale/use mais o inglês e explique menos. Ou se você tem mania de sempre querer descobrir os porquês do inglês, quem sabe não é hora de simplesmente aceitar que “isso é assim porque é assim” e seguir em frente? Lembre-se de que aprender inglês é apenas uma questão de seguir as maneiras corretas de aprender e evitar as erradas!

Abraços e até a próxima!

Mairo Vergara